quarta-feira, 27 de março de 2013
Separação de poderes
Ou como é importante respeitar o normal funcionamento das instituições. A subordinação do direito às contigências económico-financeiras é um caminho perigoso, que infelizmente reputados juristas têm seguido.
E não, a decisão do Tribunal Constitucional não pode ter primeiro que tudo uma preocupação económica, ou financeira ou sequer política. Tem de ter, em primeiro lugar, uma preocupação jurídica. Devia ser simples, mas pelos vistos não o é para toda a gente
E pressionar o Tribunal Constitucional, seja a partir de Lisboa ou por interpostos oráculos em Bruxelas, é colocar em crise o regular funcionamento das instituições.
Se na Alemanha a chanceler dissesse algo vagamente parecido ao Tribunal Federal (sim, esse mesmo, que não aceita sequer o primado do direito europeu) era o bom e o bonito.
No fundo, é isto:
Marco Capitão Ferreira
Notícias sobre o país ... em inglês
The new deficit targets will be underpinned by a permanent, targeted, spending-based consolidation effort.
The government is undertaking a thorough and transparent review of public expenditures to identify savings necessary to meet the 2013-2014 deficit targets.
These measures aim at rationalizing and modernizing public administration, improving the sustainability of the pension system, and achieving additional cost savings across ministries. To anchor the credibility of the revised fiscal deficit path, the government is committed to adopting and publishing a detailed medium-term fiscal framework in the coming weeks, allowing formal completion of this review.
Não é interessante? Sabemos destas coisas em primeira mão. Resulta dali que os 4 MM€ passaram a 6MM€.
Nota: 6MM€ são o equivalente a 100% de todo o orçamento da educação ou 75% do orçamento da saúde. Só para termos uma noção da dimensão do que falamos.
Marco Capitão Ferreira
A tempestade perfeita
"Uma remodelação não serve para plano B. Serve para tentar adiar o inevitável. Porque uma remodelação não inclui os dois responsáveis principais: o primeiro-ministro e o ministro das Finanças."
No Diário Económico de hoje.
terça-feira, 26 de março de 2013
Jornalismo precisa-se
Domínio .pt entregue a associação de direito privado
Três perguntas:
1) Por quanto dinheiro? Atribuir domínios dá receita, que até agora era pública.
2) Como se escolhe a associação?
3) Inclui a gestão da rede? É que poucas pessoas saberão mas acedemos todos á Internet lá fora por um ponto único: a FCCN.
Marco Capitão Ferreira
segunda-feira, 25 de março de 2013
Outra vez o "infeliz"
O uso da expressão "infeliz" começa a tornar-se endémico.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem destacou, em conferência de imprensa, que esta intensa e complexa negociação culminou com uma "melhor solução do que na semana passada", quando foi dada luz verde para um imposto sobre os depósitos bancários, algo que qualificou de "infeliz"No plano da substância, contudo, os pontos essenciais do resgate a Chipre mostram que a solução é péssima. E, para variar, muito germano-cêntrica e pouco compatível com o respeito que a Europa devia ter para consigo mesma e a sua história.
A Alemanha é um parceiro indispensável no projecto europeu mas não pode ser deixada sózinha ao volante. O que tem falhado é uma França, um Reino Unido e uma Itália fortes.
Em todo o caso, e não estou sózinho nisto, deixem lá o "infeliz" em paz.
Marco Capitão Ferreira
domingo, 24 de março de 2013
Infeliz?
FMI diz que evolução do desemprego em Portugal é “infeliz”
Infeliz é o que se diz de um acontecimento fortuito e que não era possível evitar. Não é o caso.
Marco Capitão Ferreira
sábado, 23 de março de 2013
Problema colectivo
Ao ler isto lembrei-me logo disto.
Este País tem um problema de memória selectiva. E, por isso, contradiz-se em público sem pudor nem remorso. Não é, naturalmente, monopólio de nenhum dos partidos.O que é ainda pior. É endémico.
É, também, sinal de falta de maturidade da nossa imprensa que seja possível que seja possível fazer estas coisas e ficar impune.
Marco Capitão Ferreira
sexta-feira, 22 de março de 2013
Entretanto, na realidade (II)
Boletim de Execução Orçamental de Fevereiro ... não está bonito.
Este quadro explica porque é que a execução orçamental vai ser um desastre (do Público):
Marco Capitão Ferreira
O lugar à política
Como o Chipre tem mostrado e Portugal vai mostrar também, a solução das crises económicas é um assunto demasiado importante para ser deixado aos economistas (parafraseando).
Escrevi ontem que o Governo não tinha Plano B. Tive a sorte do contexto.
Desde aí, soube-se que a decisão do Tribunal Constitucional está iminente e é expectável que seja, pelo menos parcialmente, desfavorável ao Governo. Embora também se deva dizer que entre o relatório preliminar e o acórdão não é inédito que existam diferenças substanciais. Teremos de esperar para ver.
O PS entendeu juntar a essa dificuldade uma moção de censura. O PS apresentou duas moções de censura nos últimos 30 anos. Duas. Não é um facto menor.
E o País entrou em convulsão porque José Sócrates vai voltar a falar, depois de quase dois anos de um estrito silêncio.
Vêm aí tempos interessantes. E complicados. As Finanças públicas que se cuidem.
Marco Capitão Ferreira
quinta-feira, 21 de março de 2013
A necessidade estimula a imaginação
Chipre cria fundo de investimento para assegurar resgate
Duas dúvidas:
1) sendo o fundo do Estado, como se contabiliza a receita? Nomeadamente, abate ao défice? E à divida?
2) Supondo que abate pelo menos à dívida, porque é que outros países (nós) não podem fazer o mesmo?
O inexistente plano B
Passou algo despercebido na habitual confusão do ruído mediático.
A "folga" que o Governo tinha para acomodar uma eventual decisão desfavorável do Tribunal Constitucional esfumou-se por via do agravamento do cenário macro-económico. Aliás, já não chega para o tapar. Essa folga, convém recordar, consistia na aplicação já em 2013 de uma percentagem do corte de 4 MM€.
Logo, já não há plano B.
Bem pode o Ministro das Finanças agora vir dizer que "não faria sentido ter planos de contingência para estas eventualidades". A verdade é que havia, e reflectiu-se numa série de opções legislativas, nomeadamente em sede de decreto-lei sde execução orçamental.
Simplesmente, as coisas estão a correr tão mal que se teve de usar o Plano B só para começar a lidar com novo desvio nas contas públicas.
O que aquela declaração quer dizer, e aqui há que assumir a especulação, é que não há Plano B porque o Governo não tenciona gerir as consequências de um eventual chumbo. Ponto.
Marco Capitão Ferreira
quarta-feira, 20 de março de 2013
A FED e o BCE
Que inveja ...
injectando mensalmente 85 mil milhões de dólares na compra de títulos de dívida do governo norte-americano e de instrumentos hipotecários.
Desemprego lá:
Cá ... cá vamos assim. E em Portugal pior que a média e aquele número vai subir.
O mesmo se passa, obviamente, com o PIB. Enfim, nos USA eless não sabem ser "liberais" à BCE ... e nunca ouviram falar de "austeridade expansionista". Não vão em modas ... ainda bem para os americanos.
Marco Capitão Ferreira
Marco Capitão Ferreira
O cerne destas coisas das Finanças Públicas
"A rua que os políticos se habituaram a considerar seraficamente como exercício saudável de liberdade de manifestação vai encher-se cada vez mais de multidões que não são, como se quer fazer crer, meros indignados. São titulares de direitos inscritos nos mesmos textos que legitimam os que se sentam à mesa de Bruxelas", afirmou ontem Ramalho Eanes, dizendo que à citação pode ser acrescentada "e dos mesmos que se sentam à mesa do poder em Portugal."O antigo Presidente da República falava na apresentação do livro "Crónicas de anos de chumbo", de Eduardo Paz Ferreira, professor catedrático na Faculdade de Direito de Lisboa.
Marco Capitão Ferreira
terça-feira, 19 de março de 2013
Um pequeno engulho
Julgo que lhe chamam democracia.
E agora, Europa? Vamos aceitar que a Rússia exerça o seu poder geo-estratégico dentro das fronteiras da Europa. Ou vamos ter outra decisão unânime a revogar a anterior decisão unânime? Parece que sim. E onde fica o discurso do "não há alternativa?"
Se isto pega por cá ...
Marco Capitão Ferreira
Um Governo perdido do seu país ...
Quando trabalhadores e empregadores concordam em rever o salário mínimo, porque já perceberam que é preciso travar o empobrecimento de quem trabalha sob pena de matar também as empresas o que faz o Governo?
É contra. Contra. A ideologia cega mesmo ...
Marco Capitão Ferreira
segunda-feira, 18 de março de 2013
Em Chipre?
A Europa “está a trilhar caminhos muito perigosos” em Chipre, avisa Cavaco.
Em Chipre. Temos um Presidente que vê claramente lá fora mas insiste em não ver cá para dentro. Os portugueses já perderam, especialmente os que trabalham, muito mais do que 10% do seu rendimento.
Marco Capitão Ferreira
sábado, 16 de março de 2013
sexta-feira, 15 de março de 2013
quarta-feira, 13 de março de 2013
Um homem como medida dos outros
E que medida ... a pergunta de um milhão de euros: Quem é o Sousa Franco de Seguro?
É bem verdade, as pessoas fazem a diferença, ou melhor, só as pessoas fazem a diferença.
Felizmente, como todos os grandes homens, Sousa Franco soube deixar uma escola, uma ética, um corpo não organizado mas coerente de pensadores da coisa pública.
Muitos deles (não é o meu caso) já ameaçam transcender o mestre. E como ele gostaria de o ver acontecer, estou certo.
terça-feira, 12 de março de 2013
Depósito
O artigo do Económico de ontem:
Há quem esteja muito contente com as notícias vindas de Bruxelas de que existe disponibilidade para, “em princípio, considerar” (expressão tão europeia) um ajustamento das maturidades dos empréstimos europeus à Irlanda e a Portugal, para suavizar as amortizações de dívida nos próximos anos.
E nós com isso? O que é que isso diz aos portugueses?
Esse passo é consequência de sermos bons alunos? É o que nos dizem, de lá e de cá. Mas não. O primeiro país a beneficiar de uma extensão destas maturidades foi o pior dos alunos, a Grécia. Que beneficiou ainda de uma série de outras medidas que não estarão, "em princípio, a ser consideradas". E que, essas sim, providenciaram alívio. E não estou a contabilizar o não pagamento de parte da dívida, opção que Portugal não quer - sendo coisa diferente se não será um dia destes forçado a ir por aí, depois de acumular recessão em cima de recessão.
Na prática, esta decisão permitirá evitar picos de refinanciamento em 2015-2016 e 2020-2021. Mas não liberta um euro para aliviar a política de austeridade recessiva, que gera mais austeridade, que gera mais recessão. É uma decisão que agrada, isso sim, aos credores privados. Ao diluir os picos de pagamentos da dívida à ‘troika' estamos a garantir melhores condições para reembolsar os outros credores, os privados. E eles perceberam.
Os mercados percebem sempre. A divida a 5 e 10 anos nos mercados baixou o juro pedido. Não é que a medida seja má. Repito, devia era fazer parte de um pacote mais completo que estendesse a Portugal as condições da Grécia, mesmo que apenas na parte em que não prejudicam os credores, com poupanças de quase 15 mil milhões de euros. Isso poderia fazer a diferença. Esta medida? Esta medida destina-se a proteger os credores e não os devedores. Por isso entusiasma o Governo. E os mercados. Se é que se distinguem.
É uma medida contabilística e não substantiva, financeira e não económica, que pensa em números e não em pessoas. Dali não virá um euro para combater o desemprego, para parar a espiral recessiva, para melhorar a vida das pessoas. Em suma, pobre e mal-agradecido? Até pode ser. Mas não é disto que precisamos.
Ou, pelo menos, não é só disto que precisamos.
Marco Capitão Ferreira
segunda-feira, 11 de março de 2013
Uma década já foi. Quantas mais?
Os dados do INE sobre a evolução da Economia trazem muita informação interessante. E alguma preocupante.
Tecnicamente, este é o nono trimestre consecutivo de quebra do PIB, que em termos reais atingiu no último trimestre de 2012 o seu valor mais baixo desde 2000. A queda em 2012 foi a maior desde 1975 (em pleno processo reovulcionário e verão quente, notar bem).
Em português escorreito: 12 anos depois voltámos para onde estávamos em 2000.
Para a minha geração, isto significa que tudo o que ajudámos a produzir desde o dia em que nos licenciámos evaporou-se. Um pensamento nada animador.
Um país distraido
Só pode.
Sai um documento do FMI, absolutamente fundamental para perceber o que raio se passa com o nosso País e porque é que está tudo errado e não existe nenhuma austeridade expansionista ou lá o que o Ministro das Finanças lhe chama e nada. Nem uma palavrinha.
Tirando, claro, o Krugman. Na imprensa portuguesa ... silêncio.
sexta-feira, 8 de março de 2013
Já não era sem tempo
Seguro ou, o mais provável, alguém por ele, faz uma proposta adequada ao problema de fundo.
A zona euro não é uma zona monetária óptima e são precisos mecanismos que permitam aos estabilizadores automáticos funcionar sem comprometer a estabilidade orçamental e com mecanismos de solidariedade intrinsecos (porque se não forem ... é o que temos visto).
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