terça-feira, 4 de novembro de 2014

Stress? O stress está nos pormenores


Os testes de stress à Banca foram recebidos em Portugal sob um único prisma: o BCP tinha chumbado mas estava (quase) tudo bem porque entretanto o assunto estava resolvido pelo aumento de capital efectuado já este ano.

E o resto dos dados? Zero atenção. É preciso ir ler lá fora. E disso resultam três ideias:

1) Não está tudo bem com o BCP. Ou está? Segundo o Banco e a nossa imprensa o reforço de capital efectuado pelo BCP resolve o problema detectado. Mas apresenta ainda, mesmo depois disso, necessidades adicionais de capital de 1,15 mil milhões segundo o Finantial Times. Ora uma de duas informações não bate certo. Talvez valesse a pena verificar.

2) O NovoBanco não fez testes de stress porque ainda não podia e o BES já não fez porque já não existia. O que poderá vir daí? Valia a pena perguntar. Porque se o NovoBanco precisar de mais capital os contribuintes serão chamados novamente a financiar o Fundo de Resolução e este o banco de que é o único accionista. Será por essa razão que o OE2015 prevê mais 1,5 mil milhões de empréstimo do Estado ao Fundo? Pode muito bem ser. Ou não. Talvez valesse a pena verificar.

3) A CGD passou por pouco no cenário adverso (6,1% quando o mínimo era 5,5%). Sobre este assunto não há grande informação porque ninguém interpelou a Caixa. Sendo o maior Banco do sistema português isso significa que é o primeiro e mais importante elo da cadeia de força do nosso sistema financeiro e sendo público isso significa que se poderia beneficiar de ter mais capital e não o tem, essa é uma opção política. Tomada em nosso nome, mas convinha sabermos porquê. Talvez valesse a pena verificar.