Em relação com o post anterior, há quem ache que o que ali se diz poria em causa a independência do BCE.
Três notas:
- Quem diz isso com mais veemência é o BCE. Portanto, se eles dizem que não os podemos supervisionar temos de acreditar? E desde quando ser independente quer dizer não ter qualquer comtrolo?
- Independência não é o mesmo que ditadura dos banqueiros centrais. A capacidade de emitir moeda é uma função soberana delegada. Delegada. Pelos Estados. Que, na Europa, são regidos por Governos eleitos. Que, bem ou mal, representam a vontade dos povos. Emitir ou não moeda não é um direito divino originário do BCE.
- Os ingleses, literalmente, inventaram o conceito de entidades independentes. Como se relacionam com o Banco Central?
Bom, de forma transparente e clara, o Governo determina ao Banco de Inglaterra os seus objectivos em matéria de inflação, apoio ao andamento da economia e, mesmo, utilização de políticas monetárias ditas não convencionais.
Isto é feito com a legitimidade democrática que assiste ao Governo, respeito quanto ao como executar que fica a cargo do Banco de Inglaterra, mas sem pruridos fundamentalistas de que não se pode dizer ao Banco Central o que se quer dele.
Com tanta transparência que posso linkar cópia da cartinha do Ministro das Finanças Inglês relativa a 2013: ei-la.
Portanto, não há aqui nenhum anátema nem assuntos que não possam e devam ser discutidos.
Só não convém a muito boa gente. Desde logo aos Bancos Centrais. Pudera ... dá muito jeito em muitas coisas. Desde logo nas que não interessam senão aos próprios.
Marco Capitão Ferreira
PS - Temos de parar de falar de medidas não conveniconais como se fossem uma anomalia. Não são. São as únicas que funcionam neste mundo em que vivemos hoje. E temos de as começar a ver e usar com normalidade. Melhor explicado:
The thing is, this topsy-turvy world we’re living in, where virtue is vice and prudence is folly, may violate many intuitions — but it’s a world thoroughly mapped out by textbook macroeconomics in advance, and it’s a world we’ve been living in for five years. It is, in fact, the new normal.
É mesmo caso para perguntar:"What will it take for economists, let alone policymakers, to accept reality?"