sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Euro, Inglaterra e Estados Unidos


Uma das maneiras mais fáceis de explicar porque é que o BCE não se assemelha mais à Reserva Federal ou ao Banco de Inglaterra no tipo de intervenção que faz, o que por sua vez explica porque é que eles estão a sair muito melhor da crise e nós ainda não lhe vimos o fundo é simples.

Tão simples quanto isto ... enquanto o BCE é monomaníaco pelo controlo da inflação (em homenagem ao trauma alemão de há mais de 80 anos, cuja garantia de não repetição  é mais importante para eles do que o sofrimento de hoje de todos os outros povos europeus) os outros bancos centrais têm objectivos mais equilibrados e multifacetados, por exemplo, controlo da inflação e nível de crescimento.

Isto permite-lhes ajustar a política monetária em função da situação económica. Em tese, o BCE não pode. Desde que a inflação ronde os 2% está tudo bem, mesmo que o desemprego aumente, a riqueza criada desça e a pobreza se instale. Em bom rigor, para garantir que a inflação ronda os 2% se preciso for mata-se o crescimento, gera-se o desemprego e fomenta-se a pobreza. É isso que monomaníaco quer dizer.

Resultado? Usando a expressão anglo-saxónica, que me parece apropriada, no contexto do combate à crise, "it's like taking a knife to a gun fight". Por isso eles estão a ganhar aos especuladores e nós não.

Só para termos uma ideia, eis a diferença entre o músculo exercido no mercado pelos bancos centrais americano e inglês e pelo BCE (já corrigidas, porque em percentagem do PIB, dados da União Europeia)