quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Duas notas sobre o salário mínimo (editado)


Num salário mínimo de 485€ o empregador paga 23,75% de descontos para a segurança social. O que o Governo propõe no aumento do salário mínimo é aumentar o valor em 20 €, para 505€, mas reduzir o desconto dos empregadores para 23%.

Tudo visto e espremido e no que concerne à segurança social: em 20 euros de aumento 1 euro fica como custo das empresas e 19 como custo dos trabalhadores, que enquanto beneficiários vêem a Segurança Social ser descapitalizada naquele montante.

Depois falamos dos problemas de sustentabilidade da Segurança Social. Assim, não admira.

(ao não descontar sobre o adicional dos 20€ de responsabilidade da Segurança Social mas apenas, na prática, sobre uma fracção disso, estamos a criar responsabilidades futuras não cobertas. isto deveria ser facilmente compreendido: futuros pagamentos subsídio desempregom por exemplo, são sobre os 505€ e não 485€ mas o desconto não aumenta na proporcionalidade).

Outras maneiras de fazer as contas: no Expresso, no Público, no Económico e no Economia & Finanças ("Note-se que a TSU é uma contribuição relevante para o apuramento do valor das pensões futuras dos trabalhadores pelo que, a prazo, a queda da TSU terá consequências para os direitos adquiridos do trabalhador.")

Em adenda:

Sobre a questão acessória de saber se aumentar o salário mínimo gera ou não dificuldades na criaçãop de emprego, ideia muito em voga, leia-se:

2) http://www.newrepublic.com/article/118912/city-specific-minimum-wage-policies-are-increasing

3) http://www.chicagobusiness.com/article/20140918/OPINION/140919868/a-better-solution-to-the-minimum-wage-debate

4) http://www.nytimes.com/2013/02/18/opinion/krugman-raise-that-wage.html?_r=1&

5) http://www.washingtonpost.com/blogs/wonkblog/wp/2013/02/14/why-economists-are-so-puzzled-by-the-minimum-wage/