terça-feira, 3 de junho de 2014
Notas rápidas sobre a comparação entre remunerações público/privado
No âmbito da sua détente com o TC o Governo publicou a argumentação que entregou no TC: http://www.portugal.gov.pt/pt/documentos-oficiais/20140603-tc-oe-2014.aspx …
Isto permite conhecer o estudo da Mercer, que depois sustenta os Relatórios do BdP e do FMI e que "prova" que no sector público se ganha mais do que no sector privado.
O estudo está cheio de buracos metodológicos. Não obstante, tem sido invocado como verdade absoluta, e acriticamente transportado para as análises de entidades oficiais, como o BdP, o FMI e a Comissão Europeia, o que do ponto de vista da qualidade da informação de suporte à decisão pública deixa muito a desejar.
Não teremos tempo para mais agora, mas numa primeira leitura crítica:
1) Os valores da remuneração privada "excluem benefícios (como seguros, automóvel e outros), e a remuneração variável". No público não há estas remunerações. O que quer dizer que as privadas estão subestimadas;
2) Militares, polícias, diplomatas etc a comparação é feita com "funções de idêntico “valor” no sector privado". O que quer que isso seja.
3) O estudo não corrige o factor de que a antiguidade média é diferente, uma vez que no privado não se congelaram as admissões em 2002.
4) E não tem em conta que parte das remunerações privadas estão subsidiadas (apoios à contratação) ou são precárias, trabalho temporário.