quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Across the pond



Inveja é coisa feia. Mas às vezes também serve de motivador. É possível definir e comunicar políticas públicas assim.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Os défices ... e são muitos



Para jurista perceber é melhor ir ao essencial.

1) O défice ficou abaixo do previsto? Resposta curta é: sim. E é esta que o Governo está a usar. O acordado com a troika era 5,5% e ficaremos em cerca de 4,4%. Mas essa é a medida só para a troika. Pelas regras de Bruxelas (contabilidade nacional), que é o que sempre tivémos de cumprir o défice é um pouco menos favorável, devendo rondar um pouco mais de 5%. Em contabilidade pública pior ainda.

Em Março de 2012, já com três revisões do Memorando e sem que se possa alegar o que quer que seja, previa-se que o défice em 2013, pela medida da troika, ficasse em 3%. Em junho de 2012 previa-se que não excedesse 4,5%. Em Outubro, 5%- e o mesmo em Dezembro. Só depois da famigerada sétima avaliação é que os valores subiram para os tais 5,5%. Portanto, ficámos abaixo? Ficámos. Abaixo de uma previsão que entre Março de 2012 e Março de 2013 foi "corrigida" de 3% para 5,5%.


2) Como? Porque a receita aumentou brutalmente: A receita fiscal líquida do Estado em 2013 ascendeu a € 36.252,5 milhões, o que corresponde a um aumento de 13,1% face a 2012. Este forte crescimento representou um aumento de € 4.211,8 milhões face à receita fiscal de 2012.


3) Por causa do perdão fiscal? Não: apenas 3% corresponde à receita obtida com o regime de regularização excecional de dívidas fiscais e à Segurança Social (RERD23).

4) Mas quem pagou mais impostos afinal? Nós. A receita líquida do IRS em 2013 cresceu 35,5% face a 2012. 

5) E quanto é isso? Simples, a receita fiscal aumentou no total de 32.040,6 mil milhões para 36.252,5 mil milhões, isto é, um pouco mais de 4 mil milhões, dos quais 3,3 mil milhões do IRS (quadro 14).

6) E a despesa? Caiu a pique? Não propriamente: A despesa da Administração Central e da Segurança Social e a despesa primária cresceram 3,8% e 4,6% em termos homólogos.

7) E quanto é isso? Bom, em contabilidade nacional o défice o ano passado foi de 7.134,6 mil milhões e este ano de 8.730,9 mil milhões (quadro 1)

(Dados, em itálico, todos eles, oficiais ... é ir confirmar)

Nota medodológico-filosófica: Quando a execução orçamental começou a ser mensalmente publicado no ano de 2001 tinha entre 15 a 20 páginas. Actualmente tem mais de 70. Mais e melhor informação? Sim e não. Temos é, seguramente, muito mais confusão. Só critérios contabílisticos são três. O de contas nacionais (que é o europeu), o de contabilidade pública (que é o nacional) e o que a troika aplica e que não é nenhum dos outros dois. Junte-se a isto as operações extraordinárias  que ora são contabilizadas (porque aconteceram) ora são retiradas (para se poder melhor "comparar" dois anos) e é quase impossível navegar o documento. Quase ...

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Opinião Pública


Uma conversa com Nuno Serra sobre o período pós-troika e a negociação de um programa cautelar para Portugal, num debate conduzido por Ruben Bicho:

"Portugal chegou a esta crise com um modelo económico que já estava esgotado"

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O mundo ao contrário


Nos mercados está a faltar a chamada racionalidade económica.

Algo de muito errado se passa quando a República paga a 5 anos 4,6% e uns dias depois um Banco, privado, paga 4%. Eu cá não sei explicar mas acho que não é por falta de estudo ... 
 
BES paga juro de 4% para emitir 750 milhões de euros em obrigações a cinco anos

Coisas que merecem uma pergunta




Se no mercado secundário, hoje, no prazo de cinco anos, os juros negociavam-se a 4,038%, porque é que foi um "sucesso", a semana passada, colocar 3.25 mil milhões de euros no mercado primário a 4,6%?

Profissionalismo


Ou o inverso dele:

Finanças em silêncio sobre dúvidas nas contas do Plano B

Encaixe com a nova CES é metade do prometido pelo Governo

Afinal a nova CES atinge mais 142 mil. Governo esqueceu-se dos pensionistas da Segurança Social

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Opinião Pública


Hoje, no Conselho Consultivo da ETV.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Os mercados



Dívida portuguesa no último mês, algumas perguntas (linha vertical marca dia da decisão do Tribunal Constitucional sobre "convergência" de pensões):















 Fonte: Bloomberg


1) O que falta para nunca mais ninguém poder dizer em público que são as decisões do Tribunal Constitucional que impedem os juros de baixar ou os fazem subir e que para voltarmos aos mercados era só preciso deitar a Constituição fora, sem ser confrontado com estes dados?

2) Se a Irlanda foi hoje ao mercado com taxas no mercado secundário como não tinha há 8 (oito) anos, se os juros de Itália, Espanha e até Grécia (e não só) também descem, quando paramos de procurar explicações exclusivamente relacionadas com Portugal? É que não é verdade. Ponto

3) Não há um jornalista que pergunte ao BCE se interviu no mercado secundário esta semana? E se sim, se essa é uma intervenção pontual ou se estamos finalmente a responder a uma inflação perigosamente baixa?

4) Ou que se questione se a subida da procura por estas dívidas com maior risco não é normal nesta altura do ano, em que fechadas as contas dos investidores (e dos bancos, e das seguradoras) a 31.12.2013 já podem os mesmos voltar a produtos de maior risco sem que isso se reflicta nos seus resultados?

Spinwatch


Na versão preventiva, e para vigorar pelo menos durante o primeiro trimestre do ano (infelizmente, depois disso, nem com spin lá irá) sobre o andamento da Economia, só isto:

"The Three Stooges effect: if you’ve been banging your head against a wall for no good reason, you’ll feel a lot better when you stop."





quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Da falácia lógica



102


"Por cá esta queda dos juros abaixo da barreira dos 6% surge no dia seguinte ao discurso de Cavaco Silva"

A própria notícia desmente qualquer relação entre os dois factos quando esclarece que: "A quebra registada hoje nos juros da dívida está a ser acompanhada pelos outros países considerados periféricos: Itália, Espanha e Irlanda registam um alívio nas ‘yields'.".

Ora a não ser que se queira acreditar que as palavras de Cavaco Silva influenciam os juros em, por exemplo, Itália, para que serve aquela relação ali estabelecida? Para desinformar. O contrário do que um jornalista deve fazer ... 

Opinião Pública


No Diário Económico de hoje:

Temos muito para fazer e 2014 é um ano cheio de desafios. O maior dos quais é mudar o que está errado. E o que está errado é muito. Em textos destes, há que optar e ser sintético. Duas ideias de força para 2014:

1)A economia serve as pessoas e não o contrário. Logo, a primeira prioridade deveria ser proteger os tímidos sinais de recuperação económica e parar de sufocar a economia com austeridade. Só o crescimento económico trará menos desemprego, menos pobreza, menos desamparo e menos angústia;

2) As finanças públicas só equilibram se a economia crescer. Políticas que destroem a economia não dão sustentabilidade às finanças públicas. Os mercados sabem bem isto, é por isso que os nossos juros são bem maiores do que os da Irlanda, que soube proteger a economia. E é pela mesma razão que, para perplexidade do Governo, quando o Tribunal Constitucional chumba medidas de austeridade, os juros não sobem.