terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Corporações
Uma das matérias pouco discutidas é o facto de os interesses corporativos terem, em Portugal, um peso excessivo.
Fruto, porventura, de sermos um país pequeno com elites ainda mais pequenas existem ecossistemas, chamemos-lhe assim, em que determinadas castas ou grupos profissionais criam regras próprias (sempre justificadas com "especificidades" ou "especiais responsabilidades"). Basta ter tido responsabilidades, por muito ínfimas, na máquina do Estado, para conhecer logo meia dúzia de exemplos, cada um mais anedótico do que o outro.
Essas regras destinam-se, muitas vezes, a suprir insuficiências nas remunerações, porque não há coragem para assumir que estas nem sempre são adequadas.
O Estado paga, e hoje em dia isto é epidémico, a consultores externos ou a outros especialistas, por via de prestações de serviços, 50, 100 ou mesmo 250€ à hora. Mas se alguém pagasse 50€ à hora a um funcionário público, ou qualquer coisa como 7700 euros/mês caia o carmo e a trindade.
Como solução de "second best" esta proliferação de excepcionalidades é ineficiente, isto é, custa-nos mais dinheiro do que custaria pagar em condições aos profissionais.
O mesmo com o outsourcing generalizado de funções centrais.
Num momento em que supostamente se discute o Estado que queremos, talvez fosse altura de pensarmos num Estado sem falsos moralismos nas remunerações e sem cedência a interesses corporativos. é, porventura, esperar de mais.