quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Leituras avulsas


Porque se não se vê o Mundo para lá do Direito e da Economia, não se vê nenhum dos dois.

Na nossa imprensa, que tem dias bons, e hoje é um deles:

1) Boas Práticas, fazer Fact Checking.

2) Jornalismo com pessoas dentro, como são, complexas, elas e as suas vidas.

E por aí:

1) Jornalismo autobiográfico em BD, talvez demasiada originalidade junta, mas seguramente diferente:  Kidnapped in Syria.

2) A Federal Reserve tem uma nova Presidente. Tomara a Europa um BCE com metade da vontade de resolver problemas. 

3) Até Machiavel tem outro lado.

4) Igualdade de género: mulheres nazis

Imprevisibilidade e mercados


Pequenas dúvidas:

Se o Governo acredita que o "consenso" é importante porque medidas como impostos, regime dos investimentos, regras laborais, pensões, etc. têm de ser definidas de forma clara e estável porque os "mercados" reagem mal à imprevisibilidade, e em certa medida tem razão, como se compreende isto?

11 de Setembro

O secretário de Estado Adjunto e do Orçamento, Hélder Reis, afirmou hoje no parlamento que não haverá novo Orçamento Retificativo para este ano nem mais medidas de austeridade.

9 de Outubro

Passos anuncia novo orçamento rectificativo

terça-feira, 8 de outubro de 2013

É preciso restaurar algum respeito pelo Estado


Ulrich:"Que faço quando me aparece um cliente na situação do Estado? Executo" 

Esta afirmação em qualquer circunstância já seria, para dizer o menos, desagradável.

Sabendo-se, como sabemos, que só os mil milhões de Euros em capital adicional garantidos pelo Estado, isto é, por todos nós, permitem ao BPI ainda estar de portas abertas e que faltam pagar 940 milhões ... enfim, cada um de nós avaliará por si o grau de desplante necessário para fazer este tipo de declaração.
 

Se parece bom demais ...


Quem ler esta notícia Parpública passa a entrar nas contas do défice e dívida pode deter-se na frase "É por isso que, pelo menos, os três mil milhões de euros que o Estado deve à Parpública vão deixar de ser contabilizados no rácio da dívida." e pensar que isto é bom para as contas públicas.

Mas toda a moeda tem o seu reverso e se a dívida do Estado à Parpública deixa de contar para a dívida e o défice, a dívida desta para com terceiros passa a contar para a dívida pública.

E quanto é isso? Segundo o Relatório e Contas da empresa (página 6) no final de 2012, eram 4,8 mil milhões de euros.

Portanto, melhora o ratio da dívida em 3 mil milhões? Não, piora, e piora em quase 2 mil milhões.

A falta que faz os jornais não se limitarem a transcrever a informação que lhes "dão" ...

Aforismos



Knowing what you don’t know is very important.

Ou o só sei que nada sei aplicado ... 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Opinião Pública


Sem surpresas. O que, nestes tempos que são os nossos, não são boas notícias.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Ainda sobre a almofada


Não há dados oficiais, mas a imprensa fala em 20.000 M€ de "reservas".

Num País em crise é muito.

Supondo que está certo e fazendo alguma especulação informada estamos a falar de ter quase 12% do PIB (estimado em 2012 em mais ou menos 165.000 M€) de "lado", o que nos custa, assumindo uma taxa de juro média conservadora (3%), qualquer coisa como 600 milhões de Euros de juro por ano. Ou quase dois mil milhões no período do programa.

E pesa no défice uns 0,3 a 0,4%. Dava para a "folga" entre os 4 e os 4,5% de que se fala estar a ser tão dificil negociar. Estas opções deviam ser explicadas, mas não são matérias que tenham atenção devida.

Ficam dúvidas, muitas dúvidas ... 




terça-feira, 1 de outubro de 2013

Investimento Público


Um anátema em Portugal por estes dias. Como costuma acontecer nestas matérias, dogmas e axiologias funcionam mal em matéria de Políticas Públicas.

Exemplo do dia:


To Attract Urban Investment, Build a Bus Line

Como o BCE ajuda a Alemanha a ajudar-se




Para onde tem ido o pouco "estímulo" monetário criado pelo BCE sob a forma de empréstimos ao sistema bancário? Para onde não faz falta. À custa de quem não pode.

É ver as posições de liquidez no sistema de compensação (apanhado primeiro aqui) entre bancos Centrais Nacionais. Normalmente isto significaria uma valorização da moeda daqueles países com consequente quebra nas exportações ou o reequílivrio por via da inflação interna.

Mas como temos uma moeda única e inflação baixa na zona Euro, quem está a pagar o crescimento da liquidez? Bom, no que me interessa, nós ...


Sobre a "almofada de tesouraria"


Não há nada de novo. A manutenção de saldos elevados, que geram um aumento de dívida pública e a necessidade de pagar sobre essa "folga" juros, que afectam o défice, tem vindo a acontecer desde o início do programa.

Aos portugueses isto de nada serve, a não ser mais despesa pública inútil. Serve para almofadar o sistema financeiro e para consolo dos credores. Quanto custa? Não sei, algum jornalista podia perguntar. mas serão umas centenas de milhões de euros, pelo menos.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Por um subsídio de desemprego europeu


Para quem estuda estas matérias não deixa de ser curioso ler como novidade do dia que o "FMI propõe subsídio de desemprego europeu"

Leitores menos atentos pensarão que foi descoberta a pólvora. Os outros sabem que em 1961 /não é gralha, há mais de 50 anos) um senhor chamando Mundell explicou isto tudo direitinho.

E não se pode dizer que é um trabalho obscuro e que é natural que a imprensa especializada desconheça. Afinal, este homem ganhou um Prémio Nobel precisamente com este trabalho.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A sabedoria dos mercados


Quem gosta de atribuir aos "mercados" dotes de avaliação precisa da bondade de qualquer política ou acontecimento não pode deixar de aceitar que há problemas sérios com a execução orçamental:

Para quem não gosta de ir em facilitismos, há muitas perguntas para fazer sobre a execução orçamental, a primeira das quais é: o que se passa com as dívidas no sector da saúde?

Lê-se no Boletim de Execução Orçamental:  "O pagamento de dívidas de anos anteriores na área da saúde (€ 1.314 ,9 milhões em 2012 e € 10,5 milhões em 2013)". Das duas três, ou só transitaram 10 milhões de euros de divida passada a ser paga este ano, o que seria inédito, ou não estamos a pagar estas verbas e elas terão de ser liquidadas mais à frente. 

Este volume de diferença, de 1,3 MM€ mereceria, em qualquer País do Mundo, uma pergunta no Parlamento ou pelo menos a curiosidade de um qualquer jornalista. Em Portugal? Bom, estamos de luto pelo Verão ... 

Marco Capitão Ferreira

terça-feira, 24 de setembro de 2013

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Do essencial e do acessório


Revisão estatística vai diminuir desemprego e défice 

Isto é acessório e sempre foi. O número de empregados e de desempregdos não muda e nem um euro de riqueza é produzido ou deixa de ser. Só mudou a maneira como se fazem as contas.

A economia dirigida pela contabilidade é sempre má política, seria como as leis serem ditadas pelos aspectos processuais (bom, enfim, talvez seja melhor não entrar em detalhes).

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Temos tempo para resolver os problemas do euro


Terra será habitável por mais 1750 milhões de anos

Os problemas de arquitectura do Euro são conhecidos - na década de70 já Paulo Pitta e Cunha, em Portugal, escrevia sobre isso - mas há alternativa à alternativa.

Isto é, para além do caminho que tem sido seguido e da contracorrente que se vai formando e que fala de saída do euro, existem mais opções.

A mais evidente é: consertar o que está estragado. Em vez de deitar fora décadas de integração e ir "comprar" um novo modelo para a Europa podemos e devemos explicar o que é preciso para "arranjar a UEM".

E isso joga-se em Bruxelas, mas também em Lisboa. 


Para reflexão sobre mercados financeiros


Nomeadamente em torno do conceito de lucros privados e prejuízos "nacionalizados":







Fonte: Economist

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Das limitações do Excel


Dados que não entram nos modelos numéricos que nos vão regendo, apenas um exemplo solto:

Número de suicídios nos jovens europeus aumentou logo após a crise


A perenidade das luminárias


Em Portugal também temos - então não temos - muito disto:

The point was that even this guy believed that the people who have been consistently wrong about everything for decades are the “experts”; somehow they retain that reputation despite their record.

Is it too early for a drink?

Vale a pena ler o resto

Opinião Pública



No fim de tudo isto seremos um país absolutamente mais pobre e relativamente mais desigual. A recuperação será trabalho para pelo menos uma geração. Ou duas.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

Títulos perdidos



Quando no principio da semana usei o título A brigada do reumático a propósito do surrealismo da tomada de posse da nova Ministra das Finanças não sabia que estava a desperdiçar um título menos mau antes do tempo.

É que isto ainda não tinha acontecido e merecia mais aqueles título ...

Há, contudo, dois pormenores, dois, que me deixam curioso, mas para variar não se conta com a nossa classe jornalística, que está lá mas é só na medida em que não "incomode" ninguém:

1) Além das mais gradas figuras deste Estado Laico que é o nosso, quem eram os demais fiéis que lá estavam?

2) E se alguém interpelasse algum dos presentes para perguntar: Aplaudiu o quê? E para mais, aplaudiu de pé? Pode explicar? Teria sido, estou certo, tão educativo ... 

Marco Capitão Ferreira